Os conflitos no Sudão, no norte da África, ganharam destaque no noticiário pelas consequências trágicas. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 400 pessoas morreram e quase 4.000 ficaram feridas como resultado de confrontos entre forças militares e paramilitares ocorridos predominantemente em Cartum, a capital do país, e na região de Darfur.
Como esperado, a violência traz impactos negativos ao comércio internacional sudanês. Segundo dados da project44, provedora de tecnologias de visibilidade para a cadeia de suprimentos, os embarques chegando ou deixando o Porto de Sudão, na cidade homônima, sofreram quedas drásticas nas últimas semanas.
O monitoramento da project44 não identificou exportações do maior porto sudanês entre março e o dia 24 de abril. Em fevereiro, foram mais de 1.000 remessas saindo de navios para outros países. Os principais produtos de exportação do Sudão são ouro, amendoim e outras sementes oleaginosas, petróleo bruto e ovelhas/cabras.
Nas importações, os tempos de espera aumentaram e as contagens de remessas diminuíram. Nenhuma remessa foi processada desde 20 de abril. As principais importações sudanesas são de açúcar, petróleo refinado e trigo.
“Os maiores parceiros comerciais do Sudão são os Emirados Árabes Unidos, a China e a Arábia Saudita, mas o Brasil também tem um volume importante de negócios com o país africano”, comenta Pierre Jacquin, vice-presidente da project44 para a América Latina. Conforme aponta a plataforma Comex Stat, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o Brasil exportou mais de US$ 70 milhões em alimentos para o parceiro africano em 2022, além de mais de US$ 5 milhões em máquinas e equipamentos de transporte e produtos químicos.
“A interrupção das importações para o Sudão pode ter efeitos negativos de longo prazo, especialmente o aumento da insegurança alimentar”, avalia Jacquin.