19/01/2023 às 13h29min - Atualizada em 23/01/2023 às 00h00min

Tendências dos principais setores da economia para ficar de olho em 2023

C-Levels de empresas que atuam em áreas como marketing, saúde, serviços e socialtech, revelam principais pontos para se atentar neste ano

SALA DA NOTÍCIA Luana Lopes
Foto de John Schnobrich na Unsplash

Depois de um ano tumultuado, 2023 nasce com expectativa de ser um período menos desafiador para o mercado. Apesar da perspectiva de recessão econômica e da postura mais cautelosa das empresas, diversos setores da economia têm apresentado e consolidado tendências para os próximos doze meses. Pautadas nos impactos na pandemia, na inovação tecnologia ou na mudança de hábitos do consumidor, tais tendências são oportunidades que podem se tornar diferenciais estratégicos em um ano desafiador.  

Confira abaixo as principais tendências mapeadas por C-levels de empresas de inovação que atuam em setores relevantes da economia, como saúde, serviços, marketing e socialtech. 


Healthtech destaca quais são as principais tendências para a saúde 
O mercado das healthtechs segue avançando rapidamente no país. Segundo o relatório HealthTech Report 2022, realizado pela Distrito, há mais de mil startups desenvolvendo soluções voltadas à área da saúde no Brasil. Nos últimos cinco anos, os investimentos neste setor somam mais de 992 milhões de dólares. Só a Sami, por exemplo, já recebeu mais de R$201 milhões. De acordo com Vitor Asseituno, médico e presidente da Sami, o segmento receberá ainda mais investimentos, e que será o momento de fortalecimento de novidades como a telemedicina, ainda em aprendizagem tanto para as empresas quanto para os usuários. O presidente da Sami elenca quais serão, na visão dele, as principais tendências do setor para curto e médio prazo. Confira:

- Maturidade do Digital

“A pandemia e as startups aceleraram a adoção de tecnologias na saúde, como a telemedicina. Porém, essa adoção foi, em certa medida, forçada, heterogênea e ainda um pouco desorganizada. Nos próximos anos, devemos ver pessoas mais acostumadas a utilizar essas tecnologias, com ambientes virtuais ainda mais maduros e melhores. A perspectiva é ter um uso que integre a jornada do usuário e não apenas como uma solução episódica”, avalia Vitor Asseituno.

- Fusões e Aquisições

“Entendo que, com startups mais maduras, consolidadores tradicionais do setor, fundo de private equity mais experientes, entre outros, é possível que vejamos muitas aquisições e fusões das mais diversas, buscando, de novo, integrar a jornada do usuário, melhorando a experiência e reduzindo custo”, revela o presidente da Sami.

- Transparência de Resultados e Custos

“Aqui, talvez seja mais um desejo meu do que uma tendência propriamente dita, mas será muito importante que as empresas, inclusive a Sami, comecem a publicar seus resultados e de seus parceiros, de maneira que todos comecem a entender e utilizar serviços de saúde pela qualidade e resultado que entregam e não pela marca da empresa”, destaca.

- Estímulo à mudança de comportamento

“Desde que a Sami lançou um plano de saúde com Gympass integrado - especialmente rede de academias - temos visto mais empresas procurando perceber a saúde e os “cuidados de saúde” de maneira única e ampliada. Ainda faltam muitas possibilidades a serem exploradas e muito para aprendermos das relações entre esses pontos de vida saudável”, finaliza.
 

Mercado monstruoso para as socialtechs: o desafio está na inovação do modelo de negócio  

A atuação das empresas voltadas à área de Governança, Social e Ambiental (ESG), foi apontada pelos 1.325 CEOs globais em 11 mercados na pesquisa CEO Outlook 2022 realizada pela KPMG como uma das 4 mais estratégias para 2023. Inclusive, quase metade dos entrevistados, 45%, enxergam que os programas ESG têm impacto significativo no desempenho financeiro.

O grande desafio para aproveitar o potencial deste setor, na visão de Ivan Pereira, Vice-Presidente da Mind Lab e eduK - líder brasileira no desenvolvimento de tecnologias de impacto social - é estruturar um modelo de negócio que consiga resolver problemas sociais e se mantenha sustentável por si só, sem necessitar de beneficies de terceiros, como fundações, governos e ONGs. Para isso, segundo ele, o caminho é inovar não só com o desenvolvimento de tecnologias de impacto social, mas alcançar modelos que consigam se perpetuar para gerar lucro, poder investir novamente e continuar crescendo. 

Há razões positivas e negativas para o grande potencial deste segmento, aponta Pereira. “Cada vez mais vemos pessoas e empresas concordando que para construirmos uma sociedade próspera precisaremos nos  preocupar com os outros. Só que a parcela da população que precisa de ajuda só cresce. A complexidade macroeconômica que estamos vivendo, somada ao contexto pós-covid, mostrando como  nossa vida é frágil,  tem influenciado um direcionamento do olhar do mundo corporativo para esses problemas, haja vista o crescimento das práticas ESG. E as empresas que conseguirem se voltar para a resolução desses problemas terão que juntar as pontas dessas três áreas e direcionar recursos para isso”.
 

 Marketing Digital: De olho nas novas preferências do Consumidor
Os últimos dois anos aceleraram processos que eram esperados para evoluir de forma gradativa no relacionamento com o consumidor de forma geral. Um levantamento da SmartHint aponta que em comparação com 2019, o e-commerce apresentou um aumento no faturamento superior a 700%. Um crescimento no comércio online que era esperado para acontecer em uma década, segundo Guilherme Lippert, Cofundador e CRO da V4 Company, maior assessoria de marketing digital do país.

De acordo com Lippert, a necessidade do contato interpessoal para a compra de uma mercadoria foi uma barreira rompida muito rapidamente desde 2020. “Quando atendimentos online e personalizados em experiências que simulam a interação humana se tornaram necessários, algumas ferramentas ganharam extrema relevância e chegaram a definir, em alguns casos, a sobrevivência de uma empresa no mercado”, aponta.

  • Tecnologia em destaque: 

Com a demanda crescente pelo atendimento online, o marketing digital ganhou força, acompanhado por ferramentas omnichannel, métricas de satisfação e o desenvolvimento de sistemas inteligentes - o machine learning. Para Lippert, ainda com bastante força, os próximos anos devem trazer uma maior familiaridade do consumidor com as buscas por voz. “Alexa, Cortana, Siri e outros assistentes digitais estão demandando uma constante otimização das técnicas de SEO, por exemplo”.

  • Para onde apontar os esforços? 

No caso de aprimorar o relacionamento com o cliente e as tecnicas de marketing no meio digital, Lippert explica que é preciso ficar atento às transformações constantes nas preferências do consumidor e, por isso, definir a longo prazo é muito arriscado, mas que o consumidor não deve abandonar o mercado online para voltar às lojas físicas. “Investir no relacionamento com o consumidor, independente do seu modelo de negócio, não é uma tendência inovadora. Na verdade, o mais importante é procurar acompanhar as demandas do consumidor para não perder relevância. Acredito que a principal dificuldade que as empresas apresentam atualmente é ter um time capaz de dominar cada um dos processos digitais e eliminar os gaps existentes, resultando no melhor engajamento, retenção e conversão possíveis por meio das melhores estratégias e ferramentas”, finaliza o CRO da V4 Company.
 

Setor de serviços se adapta às mudanças de hábitos causadas pela pandemia
O setor de serviços contabilizou um crescimento de 4,5% no terceiro trimestre do ano passado em comparação com o mesmo período de 2021, de acordo com o IBGE. Diante de tal desempenho, são muitas as especulações, projeções e expectativas sobre o mercado que representa cerca de 70% do PIB brasileiro. Apesar da volatilidade do cenário, que pode ser impactado por diversos fatores previsíveis ou não, Lucas Arruda, diretor de estratégias do GetNinjas, maior aplicativo para a contratação de serviços do Brasil, compartilha algumas das tendências percebidas pela plataforma em 2022 e que devem se consolidar ainda mais no novo ano que se inicia.

  • Atendimento em domicílio 

Segundo dados do aplicativo, o interesse dos brasileiros em receber o serviço no conforto e segurança de suas casas começou em 2020 e não parou mais. “Percebemos que a preferência pelo atendimento em domicílio é uma tendência especialmente forte no setor de moda e beleza”, detalha Lucas “Com o trabalho híbrido, ficou muito mais prático solicitar manicures, cabeleireiros, depiladoras e até esteticistas em casa”. 

O executivo compartilha algumas informações de demanda pelo serviço de estética, números que exemplificam a mudança de comportamento do consumidor. No primeiro ano da pandemia, a demanda por esteticistas que atendessem em domicílio cresceu 273%, enquanto a busca tradicional, no qual o serviço é prestado no espaço do profissional, caiu mais de 80% em 2020. Em 2022, os atendimentos em casa continuaram como a modalidade favorita dos consumidores do serviço de estética.     
 

  • Digitalização do setor de serviços

A digitalização dos setores não é exatamente uma novidade, mas, de acordo com o diretor de estratégias do GetNinjas, é uma tendência que foi impulsionada pela pandemia do novo coronavírus. Em 2020, os consumidores que antes buscavam indicações no boca a boca ou que iam presencialmente aos estabelecimentos comerciais, recorreram ao smartphone para contratar serviços. 

“O que começou como uma necessidade temporária se tornou uma solução permanente”, contextualiza Lucas. Como resultado, a tendência da digitalização vem inovando até mesmo nos segmentos mais tradicionais do setor de serviços. Na plataforma, as categorias mais demandadas pelos brasileiros no terceiro trimestre do ano passado foram, respectivamente: Reformas e Reparos, Assistência Técnica, e Serviços Domésticos.  

  • É a vez dos pequenos

Como tamanho não é documento, os micro e pequenos negócios correspondem a 30% do PIB. Segundo o Sebrae, são mais de 18 milhões de empresas no país e o setor de serviços concentra mais da metade dos pequenos empreendimentos ativos. Para Lucas, tal popularização da formalização é um indício do crescente amadurecimento e profissionalismo do mercado de serviços. 

Além disso, as mudanças de comportamentos dos consumidores beneficiam os microempreendedores, pois um MEI tem mais flexibilidade para atender às novas demandas dos clientes, como um atendimento em domicílio ou no formato remoto, em comparação com um negócio tradicional que tem um espaço físico, local que também causa despesas ao empreendedor.


 
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